De onde vem o nosso preconceito com a terapia?
- Giovanna Mayoral
- 3 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Os preconceitos e estereótipos em torno da psicoterapia e da saúde mental têm raízes históricas, culturais e sociais. Durante muito tempo, a saúde mental foi cercada de mitos, como a ideia de que buscar ajuda psicológica era sinal de fraqueza, ou que os transtornos mentais indicavam falta de caráter ou moral. Esse estigma tem levado muitas pessoas a evitar a terapia ou a negligenciar o cuidado com sua saúde mental.
Origens dos Preconceitos e Estereótipos
História da Psiquiatria e da Psicologia No passado, as condições mentais muitas vezes eram mal compreendidas e tratadas de forma rudimentar. Instituições psiquiátricas, tratamentos forçados e a falta de conhecimento científico desenvolvido para a marginalização das pessoas com transtornos mentais. Isso criou a imagem de que quem procurava ajuda psicológica era “louco” ou incapaz, reforçando estigmas e preconceitos.
Falta de Educação sobre Saúde Mental Até recentemente, o conhecimento sobre saúde mental não era amplamente difundido. As escolas e as famílias abordaram temas como emoções, estresse, depressão ou ansiedade de forma aberta, o que perpetuou a desinformação. Isso contribuiu para a crença de que saúde mental é algo que "não se fala" ou que procurar um psicólogo é "para os fracos".
Representação na Mídia Muitas representações na mídia também não ajudaram. Filmes e programas de TV frequentemente mostravam uma terapia de maneira caricata ou retratavam transtornos mentais de forma exagerada, associando-os a comportamentos violentos ou excêntricos. Essas imagens reforçaram estereótipos que não sobreviveram à realidade da maioria das pessoas que enfrentam problemas de saúde mental.
Crenças Culturais e Religiosas Em algumas culturas, existe a crença de que problemas mentais são questões espirituais ou morais, que podem ser resolvidas por meio de fé ou disciplina pessoal. Esse tipo de visão pode levar as pessoas a ignorarem ou sentirem vergonha de procurar ajuda profissional, acreditando que deveriam "superar" seus problemas sozinhas.
A Importância de Desmistificar a Psicoterapia e a Saúde Mental
Desmistificar esses preconceitos é crucial para que mais pessoas se sintam à vontade para buscar ajuda quando necessário. Ainda hoje, muitas pessoas hesitam em procurar um psicólogo por medo de serem julgadas ou estigmatizadas. Esse atraso na busca pelo tratamento pode agravar os sintomas e reduzir a qualidade de vida.
precisamos desmistificar esses mitos porque a saúde mental é tão importante quanto a saúde física. Assim como procuramos um médico quando sentimos dores no corpo, devemos nos sentir igualmente confortáveis em procurar um psicólogo para lidar com questões emocionais ou cognitivas. Isso inclui considerar que buscar ajuda não é um sinal de fraqueza, mas de autocuidado.
Relação com a Pandemia de COVID-19
A pandemia da COVID-19 trouxe a saúde mental para o centro das publicações globais, revelando a importância de desestigmatizar a psicoterapia. O isolamento social, o medo da doença, a incerteza econômica e as perdas de entes queridos intensificaram sentimentos de ansiedade, estresse, depressão e outros transtornos. Muitas pessoas, inclusive aquelas que nunca tiveram problemas de saúde mental experimentados antes, começaram a sentir a necessidade de apoio psicológico.
Porém, apesar da crescente procura, o estigma ainda persiste. Muitas pessoas enfrentaram dificuldades para supor que precisaram de ajuda ou tiveram vistas como "fracas" para buscar terapia durante uma pandemia.
Desmistificar esses preconceitos agora é mais importante do que nunca. A pandemia nos mostrou que a saúde mental afeta a todos, independentemente de idade, classe social ou contexto. Precisamos normalizar a busca por ajuda psicológica, promovendo uma cultura de acolhimento e cuidado emocional, para que as pessoas possam se sentir seguras para falar sobre suas vulnerabilidades e desafios sem medo de julgamento.
Conclusão
Desmistificar a psicoterapia e a saúde mental significa desafiar estereótipos antigos e promover uma visão mais saudável e inclusiva sobre o cuidado emocional. A pandemia da COVID-19 expõe ainda mais a importância de normalizar a busca pelo apoio psicológico e de combater o estigma em torno da saúde mental, incentivando uma cultura de empatia, compreensão e autocuidado contínuo.